26 de fevereiro de 2015

Dez mulheres no contingente brasileiro da Minustah.

A tenente-coronel Maria das Graças Andrade de Jesus (esquerda) e a tenente Paola de Carvalho Andrade estão entre as 10 oficiais que participarão do 22º Contingente do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti . (MINUSTAH). [Foto: PH Freitas]
Eduardo Szklarz
Mais de 200 militares brasileiras já serviram na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Atualmente, outras 10 se preparam para serem enviadas ao país caribenho em maio, quando participarão o 22º Contingente do Brasil na missão de paz.
Uma dessas oficiais, a tenente-coronel Maria das Graças Andrade de Jesus, é uma advogada que dará assessoria jurídica ao 22º Contingente do Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT 22).
“Representar o Brasil em Missão de Paz é motivo de orgulho para todo militar”, diz a tenente-coronel Maria das Graças. “O lema do BRABAT 22 será ‘Tudo por um ideal’, na certeza de que os desafios serão constantes, mas que para vencê-los empregaremos os nossos mais nobres esforços com coragem, perseverança e fé.”
Atualmente, o Brasil tem 14 mulheres no BRABAT, quatro no BRAENGCOY e uma Grupamento de Fuzileiros Navais, segundo o Ministério da Defesa.
Outra oficial, a tenente Paola de Carvalho Andrade, é uma jornalista que trabalhará no Setor de Comunicação Social (G10) do 22º Contingente da Companhia de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY). Esta é sua segunda passagem no contingente brasileiro na MINUSTAH. A primeiro foi em 2007-2008, quando ela foi um membro do BRABAT 8.
“É inegável a grande motivação de participar de uma Operação de Paz, representando o meu país”, diz Maria das Graças. “Participar do BRABAT 8 foi uma experiência extremamente gratificante, pois o batalhão brasileiro é respeitado e admirado pela população haitiana e pelos contingentes dos demais países que integram a missão.”
Além da função de assessora jurídica, ela integrou as ações de Cooperação Civil-Militar (CIMIC), incluindo a distribuição de alimentos, brinquedos e orientações médico-sanitárias desenvolvidas pelo batalhão.
“A experiência no Haiti superou as minhas expectativas. Acredito que tenha sido o ápice da minha carreira como advogada e oficial”, diz ela. “Tive a oportunidade de liderar e ser liderada, aprender e ensinar, rever conceitos e valores, trocar experiências, enfim, de crescer profissionalmente e como ser humano.”
O que mais chamou sua atenção durante a primeira missão foi a oportunidade de interagir com pessoas de diferentes países e culturas. “Dessa forma, conseguimos proporcionar à população haitiana melhor condição de vida e segurança.”
Agora, a tenente-coronel Maria das Graças também fornecerá assessoria jurídica ao comando do batalhão, orientando e supervisionando a condução e regularidade dos procedimentos investigativos a cargo do contingente, propondo medidas de treinamento preventivo para as tropas, elaborando recomendações e executando outras missões definidas pelo comandante do BRABAT 22.

Missão ajuda haitianos a caminhar com suas próprias pernas
Segundo a tenente Paola, as missões de paz aumentam a consciência dos desafios enfrentados por outros povos.
“Os problemas de países como Haiti, Timor Leste e Sudão são problemas de todos. Quando um ser humano é desrespeitado, todos são”, diz ela. “A MINUSTAH e outras missões são uma esperança de resgate de dignidade, autonomia e respeito. Isso é motivante.”
Durante a missão, ela vai fornecer informações para os canais de comunicação do Ministério da Defesa e das Forças Armadas. Também servirá de elo para os que desejam conhecer o BRAENGCOY, incluindo órgãos de imprensa, organizações militares ou membros da sociedade civil brasileira ou internacional.
“O G10 funciona como uma assessoria de comunicação, sendo que a tarefa mais interessante é a de contribuir para manter o moral da tropa”, afirma.
A principal expectativa é que o Haiti seja capaz de restabelecer suas estruturas como estado e que suas instituições recomecem as operações, diz a tenente Paola.
“A MINUSTAH não resolverá os problemas dos haitianos, mas poderá minimizá-los, dando ferramentas e segurança para que eles se organizem e assumam seus rumos”, diz. “Ao longo desses 11 anos de missão, obtivemos o respeito da ONU e da população haitiana. Isso fortalece a imagem do Brasil, mas sobretudo fortalece a nossa identidade e a consciência de que podemos fazer – e fazer bem.”

Preparação intensa
O treinamento ao qual as duas mulheres se submeteram é o mesmo do resto dos membros da missão.
“Recebemos treinamentos diversos. Alguns são direcionados a todos os militares do Contingente e outros são específicos por área de atuação”, explica a tenente Paola.
A primeira fase de preparo é descentralizada. As militares recebem informações sobre a missão e as peculiaridades do Haiti, além de instruções de tiro, saúde e direitos humanos. Depois, elas realizam atividades específicas, como o Estágio de Comunicação Social, Estágio de Preparação para o Estado-Maior e os Cursos para Intérpretes.
“Além de promover a reciclagem dos militares, esses estágios os colocam em contato com a experiência de quem já esteve em missões anteriores”, diz a tenente Paola. “Por fim, é feito o preparo centralizado: durante um mês, os militares participam de treinamentos que simulam situações reais. Realizam tarefas e são submetidos às pressões que encontrarão no Haiti.”
O 22º Contingente do Brasil da missão humanitária deve permanecer no Haiti por seis meses, mas sua permanência poderá ser estendida pela ONU.
DefesaNet/montedo.com

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